terça-feira, 7 de agosto de 2018

Lançamento do livro "O olhar e a voz na clínica psicanalítica”

Uma das atividades programadas para as Jornadas 2018 é o lançamento do livro “O olhar e a voz na clínica psicanalítica” dos organizadores Djulia Justen e Maurício Maliska que, nesse momento, fazem breve apresentação sobre o que nos espera.



Imagem utilizada na divulgação das Jornadas 2016
            Este livro reúne os textos apresentados nas Jornadas da Maiêutica de 2016 intituladas O olhar e a voz na clínica psicanalítica”. Trata-se, portanto, de uma publicação institucional da Maiêutica Florianópolis que traduz a atmosfera produtiva daquela Jornada. O livro foi organizado pelo Coordenador da Comissão das Jornadas de 2016 e pela atual Coordenadora da Comissão de Publicações e contou com colaboração da equipe desta Comissão. 
            Nosso propósito em organizar esta coletânea foi o de levar ao público textos plurais sobre o tema do olhar e da voz, esses dois objetos pulsionais ─ ditos lacanianos, frente aos quais podemos precisar dizendo “não sem Freud” ─ presentes na clínica psicanalítica. Deste modo, o livro é composto de textos de psicanalistas de diversas latitudes (franceses, argentinos e brasileiros), oriundos de formações psicanalíticas diferentes, com percursos igualmente diferentes, na medida em que há jovens analistas e analistas mais experientes dando sua palavra, falando línguas diferentes, mas orientados pelas insígnias fundadoras dos pilares da psicanálise, convergindo nas diferenças e apresentando a singularidade da leitura de cada um ao seu tempo em relação aos textos de Sigmund Freud e Jacques Lacan.          
            Para este momento prévio ao lançamento - que será realizado na sexta-feira, dia 28 de setembro, após a conferência de abertura das Jornadas, apresentamos a estrutura do livro e os textos que o compuseram. Dividimos-o em seções que seguem o mesmo ordenamento daquelas realizadas nas Jornadas de 2016. Dessa forma, o livro possui três seções: O olhar, a voz e o sujeitoNos primórdios... a voz e o olharDe uma voz a outra.
            A primeira seção abre a obra com o texto de Jean-Michel Vives, Metapsicologia do ponto surdo: perspectivas teórica e clínica. Nele o autor se lança no desafio legítimo e necessário de apresentar a metapsicologia da sua teoria do ponto surdo, parafraseando o movimento de Freud na metapsicologia do inconsciente, como possibilidade de instaurar tal ponto para constituir o falasser. O texto O que vemos e o que nos olha, de Djulia Justen, discorre sobre a cisão subjetiva do ato de ver, apontando os espaços-tempos em que o olhar como objeto airrompe a partir de escanções e desdobramentos do título homônimo do livro de Georges Didi-Huberman, da narrativa Ulisses, de James Joyce e da A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud. O texto de Everton Michel Soccol, A voz e (é) a lei, estabelece algumas relações entre a voz e a lei, esta última entendida como elemento essencial da castração para a constituição do sujeito em suas estruturas neuróticas, perversas e psicóticas. Além disso, o autor busca relacionar a falha da lei da castração com o efeito de excesso na norma jurídica.
            A segunda seção inicia com o texto de Inês Catão intitulado A linguagem como mistério não revelado: a identificação primordial na constituição do sujeito, nos autismos e no final de análise. Nele a autora aborda a identificação primordial na constituição do sujeito tendo o autismo e o fim de análise como referência. Daniel Zimmermann, por motivos pessoais, não pôde estar presente nas Jornadas, mas aquilo que infelizmente não foi possível escutar “a viva voz”, agora será possível ler. O texto O olhar e a voz em nossa práticaversa sobre dois objetos pulsionais em questão a partir de um dos poucos fragmentos clínicos que Jacques Lacan apresenta em seus seminários e de um caso descrito por Sándor Ferenczi. No texto No princípio era o verbo... E o verbo não se fez carne, de Luana de Araújo Lima Vizentin, há questões pertinentes, a partir de um fragmento clínico, sobre os limites e as possibilidades de uma clínica psicanalítica do autismo ou com autistas: o que tem a psicanálise a ver com o autismo? Ou ainda: o que efetivamente a psicanálise (ou a prática clínica) avança nesse aspecto?
            A terceira e última seção da obra inicia com o texto de Claire Gillie, Novas vozes: transexualismo, transvocalismo e transfiguração. Nele há uma importante articulação entre voz e transexualidade. A autora aborda esse tema extremamente atual e pertinente para a psicanálise através de sua experiência clínica na condução de entrevistas e análises de sujeitos transexuais. Ilda Rodriguez contribui com o texto Incidências clínicas da voz, em que a autora parte de um extrato clínico para pensar a dimensão pulsional da voz no interior da clínica e da constituição do sujeito. O texto de Maurício Maliska, De um ritmo vocal, encerra a obra ao trazer a relação da voz com o ritmo, mostrando o quanto a pulsão invocante introduz a dimensão cadente do objeto a(voz), como aquilo que cai, mas também como aquilo que produz ritmo e movimento. O autor busca a relação do traço unário com um traço musical, seguindo os desenvolvimentos de Alain Didier-Weill, e apresenta um extrato clínico em que essa dimensão do ritmo vocal é pensada a partir dos vetores da sexualidade.
            Para finalizar esta breve apresentação, fazemos o convite, tanto para a presença no lançamento quanto para leitura do livro, com o desejo de que os pedaços de olhar e de voz nele esquadrinhados, por vezes esquartejados, possam costurar e tecer um texto que em cada um produza efeitos singulares.

Djulia Justen
Maurício Eugênio Maliska
Organizadores

Comissão de Publicações
Amanda Rabusky
Djulia Justen (Coordenação)
Gustavo Castello Branco Beirão


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