A partir do convite para que Maiêuticos enviassem imagens que vêm à mente ao pensar "O Narcisismo das Pequenas Diferenças", recebemos participações poéticas, provocativas, diversas...
Seguiremos dividindo algumas! E para começar, a primeira que nos chegou:
"Na história da humanidade, o narcisismo das pequenas diferenças é marcado pela dominação, destruição e ódio de uns contra outros. Vemos estes fenômenos manifestarem-se na diferença entre os sexos, raças, classes sociais, religiosas, políticas etc.. A diversidade humana é a regra, não tolerar a tão desprezível equidade no outro semelhante pode levar a atos violentos e brutais.
Poder e dominação para garantir superioridade. É neste terreno que se forma o eu, na dualidade e na rivalidade. O combate que se arma com o rival, tão estranho e tão familiar denuncia a especularidade originária das relações.
Todas as funções do eu são mobilizadas para garantir que seja amado e “reconhecido”. Reconhecido em sua grandeza única, majestosa. Sua pulsão de dominação e conhecimento intelectual são utilizados para tentar garantir sua supremacia e integridade.
O diferente o ameaça, por isso agarra-se a um ideal imaginário para tentar anular sua fragilidade. O outro diferente precisa ser aniquilado, mantê-lo sob controle. Não há como reconhecê-lo tão parecido consigo mesmo."
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Triunfo da Morte - último quadro do pintor judeu Felix Nussbaum*, terminado em 18 de abril de 1944. O trabalho é uma releitura, homônimo do quadro abaixo. |
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Triunfo da morte - de Pieter Bruegel (O Velho), pintor flamengo renascentista do século XVI, obra de 1562. |
*Felix Nussbaum, foi um pintor alemão de origem judaica, morto nos campos de concentração em agosto de 1944.
Ambos os pintores tiveram influência do holandês Hieronymus Bosch (1450-1516), citado por Lacan (O estádio do espelho, 1949, in: Escritos), quando nos esclarece sobre a função do eu para o sujeito. O eu para se constituir, precisa assumir uma imagem, unificar-se numa imagem ideal pela identificação com a imago do semelhante, uma espécie de "servidão imaginária".
Amor e ódio são os dois lados do mesmo estado narcisista de investimento objetal, assim como podemos destacar a extrema agressividade subjacente no bom samaritano, no filantropo e no idealista.
Por Tatiana Kuerten de Matos
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